quarta-feira, 25 de julho de 2012

O monstro e a musa - parte 4/12

A primeira parte pode ser encontrada em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/07/o-monstro-e-musa-primeira-parte.html

A terceira parte está disponível em: http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/07/o-monstro-e-musa-terceira-parte.html

– O que o leva a crer que eu irei trabalhar para si? – hesitou Walter, mantendo a sua posição.
– Já tivemos a conversa das alavancas uma vez, não julgo que seja necessário repeti-la. Acho que o próprio problema poderá ser um estímulo importante. Agora siga-me, tenho a certeza que a curiosidade o está a afectar mais do que queria.
Saíram do palácio e enveredaram pela rua principal. Apesar de ser hora de ponta, a multidão abria alas para os deixar passar. O inventor viu que a cidade possuía várias fontes com água corrente, apesar se encontrar num ponto alto. Ao observar o pavimento, descobriu pequenas fissuras nas extremidades da via, o que provavelmente corresponderia a esgotos.
A conversa enigmática despertara-lhe um grande interesse. Questionava-se sobre o que é que uma cidade-estado tão avançada poderia ainda precisar. Por mais que se esforçasse, só lhe ocorria matérias de índole bélica.
Apenas meia dúzia de soldados acompanhava a comitiva. Walter perscrutava cada face e cada beco, na esperança de poder escapar à sua clausura.
– Caro Walter, se me permite que o trate assim, não acho que uma tentativa de fuga seja uma coisa sensata de se fazer. Para além de ser pouco provável que tenha sucesso, os outros prisioneiros sofrerão as represálias. Pense neste passeio como um presente – sugeriu-lhe Artur, entrecruzando os dedos numa atitude de auto-confiança.
O inventor parou e olhou-o, surpreendido. Parecia-lhe impossível aquele homem estar sempre um passo à sua frente. Apercebeu-se, tarde demais, que se o líder tinha uma suspeita, o seu comportamento confirmara-a. Só lhe restava continuar a andar e ver o que ele tinha para lhe mostrar.
Pararam de frente para uma fornalha, cujo vapor fazia movimentar uma das linhas de teleférico. A construção tinha o tamanho de uma pequena moradia. Um homem colocava regularmente carvão no forno.
– Está a ver esta fornalha? Tenho a certeza que este tipo de equipamento lhe é familiar. Pode explicar-nos como é que funciona?
Walter olhou-o zangado. Não lhe tinha mostrado nada de extraordinário e ainda queria que ele embarcasse noutro dos seus esquemas mentais.
– Porque raio é que você não vai directo ao assunto? – protestou, agitando violentamente os braços.
– Tenha calma, esse temperamento faz mal à saúde. Acho que não vai contra a sua consciência explicar o funcionamento da máquina a vapor, assim os meus assessores ficam todos com o mesmo nível de conhecimento – apaziguou-o Artur, soltando uma gargalhada ligeira.
O inventor não pode evitar rir-se também, face ao insulto que ele dera aos seus adjuntos. De algum modo, aquele homem extraía de si as emoções, como um músico fazia com um instrumento.
– A fornalha aquece a água, que é transformada em vapor. Usando a pressão daí resultante, faz-se movimentar o pistão e assim se gera um movimento circular que pode ser usado para inúmeros fins...
– Exacto, eu não explicaria melhor. Agora, peço-lhe que deixe parte da aplicação prática e que nos diga quais são os requerimentos da máquina.
– É necessária uma metalurgia suficientemente avançada para fundir as partes necessárias, água em estado líquido e carvão.
– Meu caro, julgo que observou um pouco do nosso modesto castro. Diga, qual acha ser a maior limitação que enfrentamos no uso de tal maquinaria?
– Vocês parecem possuir a técnica necessária para fundir o aço e água corrente em abundância – Walter parou e olhou Artur nos olhos.
Finalmente percebera o problema que afligia aquela comunidade.
– Falta-vos o carvão.

A continuação deste conto pode ser encontrada, ou seja, a quinta parte, pode se encontrada em http://pedro-cipriano.blogspot.de/2012/07/o-monstro-e-musa-quinta-parte.html

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